sexta-feira, 2 de março de 2012

Olhos Secos

Olhos secos, cheios de lagrimas negras...
Um coração enegrecido e embebido em suco gástrico,
Uma alma dilatada pelos aparelhos trituradores, as vertigens já confrontaram a temperatura do seu corpo.
Eu ainda cavei mais um pouco...
O cálice de sangue que transborda pela boca matava sua sede
e os olhos secos de espanto quando olharam o profano poder do seu beijo
Maldita sobriedade sua, harmoniosa insanidade que me conserta.
E eu ainda cavei mais um pouco
Joguei fora a cavalaria de ouro, corri para perto do abismo de ar fresco no alto da estátua de pano.
Afoguei meus olhos no chão de areia, senti vontade de mata-los asfixiados.
Pulei na areia movediça só porque queria me afundar, parecia ser agoniante, mas acabou rápido demais.
A mesa partida em pedaços apoiava minha cabeça com estacas de madeira.
E minhas mãos continuavam cavando...
Alguém apoiava um vaso sobre os ombros e aos poucos de forma delicada e envolvente jogava ácido em meu rosto – caíram alguns pedaços.
As gotas sapateavam em minhas mãos e os ossos continuavam cavando
Minhas pernas já tinham ficado no lixo, o tronco andava com tanta sutileza que desconhecia aquele modo sofisticado de mim.
As brasas dançavam alegremente em minhas costas... e os braços cavando
Os roedores devoravam minhas pernas, e aquilo até fazia cócegas, era um bom motivo pra rir.
Meu corpo se dilacerava e sumia de forma tão bela que eu não liguei e continuei cavando.

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